Estabelecer manejo nutricional, sanitário, reprodutivo e condições de conforto animal adequados são condições básicas para atingir uma alta eficiência em sistemas de produção de leite.
Os efeitos do nível nutricional são especialmente importantes em vacas leiteiras, as quais estão submetidas a um desequilíbrio energético no início da lactação. Os primeiros dois meses de pós-parto são os mais críticos, especialmente quanto maior for a produção de leite, pois o consumo de alimento é insuficiente para sustentar as necessidades metabólicas, principalmente energéticas. Além disso, durante este período a vaca encontra-se em processo de recuperação uterina e reativação ovariana, eventos que se somam às maiores demandas energéticas, constatando neste período, normalmente perdas de peso nos primeiros dois meses após o parto.
O período seco da vaca compreende os dois últimos meses de gestação, importante para se adotar práticas especiais, a fim de proporcionar boas condições de parição e proteger a saúde da cria. No período em que está seca, a vaca tem que realizar grandes tarefas, como o desenvolvimento de 2/3 do feto e a recuperação de reservas corporais para o próximo parto e a nova lactação. A secagem da vaca deve ocorrer 60 dias antes do parto, independentemente da produção, de maneira a promover o descanso do úbere, necessário para intensificar a regeneração e formação de alvéolos (unidades secretoras do leite), preparando-o para a nova lactação.
A vaca deve ser bem manejada durante todo o período de lactação, para que no momento de secagem apresente boas condições de saúde e nutricionais. Aquelas com condição corporal inferior devem ser suplementadas. A falta de cuidados, quando seca, ocasiona queda na produção de leite na lactação seguinte, redução na vida reprodutiva da vaca, alongamento do intervalo de partos, nascimento de bezerros fracos e aumento de problemas sanitários.
Após a secagem, as vacas devem ser conduzidas para um pasto de boa qualidade com boa disponibilidade de forragem, onde possam caminhar e exercitar-se. Os animais não devem movimentar-se em demasia, principalmente no terço final de gestação. Deve-se também evitar contenção, pancadas, correria, longa caminhada, fatores capazes de provocar aborto traumático. Os animais devem ser conduzidos para o piquete-maternidade, no mínimo 15 dias antes do parto previsto, onde irão receber alimentos semelhantes àqueles a serem fornecidos no início da lactação, para adaptação da flora ruminal. O animal na maternidade facilita uma possível intervenção no parto e cuidados com o recém-nascido. Este pasto deve ser limpo, drenado, de fácil acesso e observação, próximo ao estábulo, com disponibilidade de água e sal mineral.
O parto é um evento de suma importância em rebanhos bovinos leiteiros, considerando que representa o início de uma nova lactação e o nascimento de mais uma cria. O parto é dividido em três fases distintas:
I) Preparatória
Compreende as três últimas semanas antes do parto e termina com o início das contrações uterinas. Mostra o seguinte quadro: hiperemia e edema da vulva e úbere; afrouxamento de articulação (sacroilíaca) e de ligamentos (sacroisquiáticos). Na véspera do parto o animal, se isola, o tampão mucoso se desprende e aumentam a pulsação e a freqüência respiratória.
II) Dilatação
Dura de três a oito horas e vai do início das contrações uterinas, que se sucedem a cada 15 minutos, até o rompimento das bolsas alantoideana e aminiótica.
III) Expulsão do feto
Dura de uma a três horas e vai do início do rompimento da bolsa até a saída completa do feto. Nas primíparas, pode durar de quatro a seis horas. As contrações uterinas ocorrem a cada dois a cinco minutos e no auge a cada 1,5 a 2 minutos. A expulsão da placenta ocorre até 12 horas após o parto.
Os cuidados do pós-parto da vaca leiteira são indispensáveis para que ela fique prenhe o mais rápido possível, e com isso tenha um melhor aproveitamento de sua vida reprodutiva. O período de serviço (PS), que compreende o intervalo do parto à concepção, depende essencialmente de quatro etapas, nos casos de fazendas que utilizam a inseminação artificial (IA) ou monta natural controlada (MNC). Essas etapas são: restabelecimento do cio pós-parto (retorno do ciclo estral e cio), identificação de cios, involução uterina e taxa de concepção.
É ideal que os animais sejam corretamente alimentados em todas as fases da vida, do nascimento ao primeiro parto, e no período entre partos. O manejo nutricional a ser utilizado no rebanho depende da quantidade de alimento disponível e do número de animais. Entretanto, esforços devem ser canalizados para a vaca apresentar boa condição corporal ao parto, e manter ou perder pouco peso até dois meses pós-parto. Essas são as principais condições para a vaca reiniciar a atividade cíclica ovariana pouco tempo depois do parto. A vaca magra ao parto atrasa o estro e prolonga o período de serviço, causando grandes prejuízos.
O melhor momento de engordar uma vaca, para ela parir com bom estado corporal, é alimentá-la bem nos dois a três últimos meses antes dela secar ou no final de lactação. O período seco, dois meses antes do parto, embora menos eficiente, também é momento utilizado para engordar o animal pois a exigência é menor. Atendidas as necessidades de manutenção e produção, o alimento ingerido em excesso antes do parto, desde que de boa qualidade e em quantidade, principalmente forragens (volumosos), vai ser transformado em gordura e armazenado no corpo do animal, constituindo uma reserva de que os animais poderão dispor para a lactação, quando essa se iniciar.
É importante que o animal mantenha, ou não perca muito peso, nos dois primeiros meses depois do parto, o que se consegue com uma alimentação adequada às exigências do animal (mantença e produção) nesse período. Parte da gordura estocada no corpo do animal pode ser mobilizada e utilizada como fonte de energia para atender o déficit gerado entre a demanda energética gerada pela produção de leite e a energia consumida pela vaca. É por esse motivo que nos dois primeiros meses da lactação a vaca normalmente perde peso, entretanto, se essa perda for elevada haverá comprometimento do retorno da vaca a fase reprodutiva.
A condição corporal, embora subjetiva, representa um meio auxiliar prático e eficiente para se avaliar a aptidão reprodutiva da vaca, independente de seu tamanho. Isso porque as vacas magras quase sempre apresentam anestro ou falta de cio (ovários inativos), ao passo que aquelas com condição corporal boa, geralmente estão gestantes ou apresentando cio regularmente. A vaca magra ao parto atrasa o cio e com isso demora mais a ser inseminada ou servida pelo touro, atrasando a gestação e com isso alongando o intervalo de partos. Além disso, apresenta mais retenção de placenta e dificuldade no parto.
A vaca gorda ao parto também não é desejável porque apresenta: maior risco no aparecimento de cetose em vacas de alta produção; menor ingestão de matéria seca e menor produção de leite; maior chance de ter a síndrome do fígado gorduroso; maior incidência de mastite, retenção de placenta, e ovários císticos.
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