A água, a luz, os nutrientes, as pragas, as doenças, entre outros, são fatores responsáveis pela produção vegetal de uma propriedade agrícola. A fertilidade do solo, representada pela disponibilidade e pelas relações entre os nutrientes são apenas um entre os vários fatores que interagem com a planta. A dinâmica dos nutrientes do solo está associada ao conhecimento básico de rochas e minerais, da gênese do solo, da física, da biologia, da química entre outros.
Os nutrientes disponíveis para as plantas estão nas formas solúveis na solução do solo, e grande parte deles está adsorvido aos colóides, ou na fase mineral ou orgânica, como elemento lentamente disponível. Para um diagnóstico da fertilidade do solo é necessário conhecer: a disponibilidade de macro e micronutrientes, saber quem são os cátions e os ânions, a relação entre os nutrientes e as condições de acidez do meio. A estas informações deve-se associar o conhecimento das fontes de nutrientes, das características e necessidades das plantas, das propriedades dos solos para então poder recomendar uma calagem ou adubação procurando obter sempre o máximo rendimento econômico.
A princípio, para um melhor entendimento do comportamento dos nutrientes no solo convém sempre ter em mente a sua carga, isto é, se são cátions ou ânions. Os cátions macronutrientes são o potássio (K+), o cálcio (Ca++), o magnésio (Mg++) e o nitrogênio (NH4+). Os ânions macronutrientes são o nitrogênio (NO3–), o fósforo (H2PO4–) e o enxofre (SO4=).
O nitrogênio, o fósforo e o potássio devido à intensidade de uso são denominados de macronutrientes primários e o cálcio, o magnésio e o enxofre de macronutrientes secundários. Os macronutrientes diferenciam-se dos micronutrientes pelo seu teor mais elevados no solo e nas plantas e maior faixa de toxidez.
1. POTÁSSIO
1.1. POTÁSSIO NA PLANTA
O potássio, absorvido como íon cátion (K+), é um nutriente que não faz parte de qualquer composto nas plantas, mas de forma livre regula e participa de muitos processos essenciais tais como fotossíntese, abertura e fechamento de estômatos, absorção de água do solo, atividades enzimáticas, formação de amido e síntese protéica.
A qualidade de alguns produtos agrícolas depende da disponibilidade de potássio como o teor de açúcar em cana-de-açúcar, tamanho dos frutos cítricos, resistência ao transporte e ao armazenamento de hortaliças e resistência ao acamamento de gramíneas. Seu teor nas plantas varia de 20 a 40 g kg-1 de matéria seca.
1.2. POTÁSSIO NO SOLO
O potássio no solo comporta-se como íon cátion monovalente e dessa forma poderá ser facilmente lixiviado, absorvido, fixado, adsorvido as argilas ou permanecer na solução do solo.
Cerca de 90 a 98% do potássio total do solo está na forma de minerais como ortoclásio, moscovita, biotita e leucita. Do potássio prontamente disponível (1 – 2% do total) cerca de 10% está na solução do solo e o restante está na forma fixada, isto é, não disponível às plantas.
O potássio por ser bastante móvel no solo é facilmente lixiviado em solos com baixa CTC como por exemplo em solos arenosos. Seu teor no solo, considerado como médio é de 0,1 a 0,3 cmolc kg-1.
1.3. SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA DE POTÁSSIO
O sintoma típico de deficiência é a clorose das margens das folhas mais velhas. Os sintomas aparecem nas folhas mais velhas por ele ser móvel na planta. No milho a deficiência se manifesta com espigas com poucos grãos na extremidade e com sementes soltas no sabugo. O acamamento de gramíneas pode ser ocasionado por deficiência de potássio. O aspecto de grama sapecada pelo fogo é um sintoma de deficiência de potássio em plantas forrageiras.
1.4. FONTES DE POTÁSSIO
A palavra potássio, em inglês POTASH significa cinza de pote. As cinzas eram utilizadas como matéria prima para a obtenção de adubos potássicos. A cinza da palha de café pode possuir 18% de K2O e a de torta de algodão 26% de K2O. Portanto as cinzas são boas fontes de potássio.
A fonte mineral comercial de potássio mais usada é o cloreto de potássio (KCl) com 60% de K2O. Há outras fontes como o sulfato de potássio (K2SO4) com 50% de K2O, sulfato de potássio e magnésio (K2.2Mg)SO4 com 40 % de K2O e o nitrato de potássio (KNO3) com 46% de K2O.
As recomendações de potássio, em geral, podem ser de 0, a 200 kg ha-1 de K2O em função da concentração do elemento no solo e do nível de produtividade da planta.
1.5. PROBLEMAS COM O POTÁSSIO
A lixiviação se destaca como um dos principais problemas do potássio em solos de baixa capacidade de troca catiônica. Há casos em que as perdas se aproximam das quantidades extraídas pelas culturas. Por razões como esta, recomenda-se sempre que possível o parcelamento dos adubos potássicos em solos com baixa CTC.
O consumo de potássio pela planta, além do necessário para o seu rendimento ótimo, ou consumo de luxo ou supérfluo é, sem duvida, um desperdício de recursos, tornando a aplicação em excesso antieconômica e algumas vezes desnecessária, principalmente em solos argilosos, com alto teor de potássio.
2. CÁLCIO
2.1. CÁLCIO NA PLANTA
O cálcio é absorvido como íon bivalente (Ca++). O cálcio é muito importante no desenvolvimento das raízes, sendo um nutriente necessário na translocação e armazenamento de carboidratos e proteínas. O cálcio atua na formação e na integridade das membranas da parede celular.
Por ser imóvel na planta, o sintoma típico surge como clorose internerval nas folhas mais novas. Outros sintomas podem ocorrer, tais como: queda das flores e crescimento reduzido das raízes. O teor nas plantas varia de 3 a 24 g kg-1 em função do período de crescimento das mesmas.
2.2. CÁLCIO NO SOLO
O cálcio no solo comporta-se como íon divalente positivo (Ca++), devendo ser fortemente adsorvido aos colóides absorvido pelas plantas e organismos do solo, estar na solução do solo, ou ser lixiviado.
O conteúdo de cálcio no solo é função do material de origem do mesmo (rocha), sendo influenciado pela sua textura, teor de matéria orgânica e pela remoção das culturas. Teores de cálcio no solo entre 2,0 a 4,0 cmolc kg-1 podem ser considerados como médio.
A sua disponibilidade às plantas, como de outros cátions (potássio e magnésio), é afetada tanto pela quantidade de nutriente disponível no solo, como pelo grau de saturação no complexo de troca e da relação com os outros cátions do complexo coloidal.
2.3. OS SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS DE CÁLCIO
Os sintomas de deficiência são de difícil reconhecimento no campo, mas a clorose internerval das folhas mais novas é o sintoma típico. A deficiência de cálcio na planta produz um crescimento de forma irregular das folhas, resultando em folhas com margens de natureza restrita. Muitas vezes é observada a morte de tecidos do caule e pecíolo das folhas, assim como a queda prematura de flores, morte dos óvulos e mau desenvolvimento das sementes. Morte dos tecidos do fruto, como de tomate e pimenta, são características de baixo suprimento de cálcio. O crescimento das raízes, tanto no sentido longitudinal como no lateral é prejudicado, devido a sua ação na integridade das membranas.
2.4. FONTES DE CÁLCIO
As principais fontes de cálcio são os minerais do solo, de maneira geral, solos argilosos são ricos em cálcio disponível, por serem formados por rochas ricas em minerais com alto teor de cálcio. Geralmente, seus teores num solo argiloso são suficientes para as plantas, desde que o solo não esteja ácido. Os calcários, originados de rochas moídas, são utilizados como corretivos de acidez do solo, são fontes de cálcio.
Exemplos:
– calcário calcítico | 45 a 55% CaO | 1 a 5 % de MgO |
– calcário magnesiano | 33 a 44% de CaO | 6 a 12 % de MgO |
– calcário dolomítico | 25 a 32 % de CaO | 13 a 21 % de MgO |
O gesso agrícola, não possui valor neutralizante, mas pode ser utilizado como fonte de cálcio. O uso de fertilizantes como superfosfato simples (18% Ca++), superfosfato triplo (10% Ca++), termofosfato (20% Ca++), fosfatos naturais (28% Ca++), fosmag (18% Ca++), cloreto de cálcio (25% Ca++) também são fontes de cálcio para as plantas.
A correção dos níveis de cálcio trocável se faz pela calagem e também pela aplicação de outras fontes de adubos que possuam cálcio. A calagem visa a correção do pH do solo, a neutralização do alumínio e a elevação dos teores de cálcio e de magnésio.
2.5. PROBLEMAS COM O CÁLCIO
Solos arenosos, com baixos teores em matéria orgânica, lixiviados e erodidos, são potencialmente pobres em cálcio.
Observa-se que o uso de calcários ricos em magnésio tem promovido o desequilíbrio no solo entre cálcio e magnésio podendo prejudicar a produção vegetal, criando situações em que são boas as quantidades, tanto de cálcio como de magnésio, mas o grau de saturação dos íons, ou sua relação, não é a mais adequada para a absorção e crescimento vegetal.
3. MAGNÉSIO
3.1.MAGNÉSIO NA PLANTA
O magnésio é absorvido como íon bivalente positivo (Mg++). Compõe a molécula de clorofila, que dá a cor verde às plantas. A clorofila contém cerca de 2,7% de magnésio.
As plantas forrageiras com baixos teores de magnésio podem promover baixos teores de magnésio sérico no animal e conseqüentemente a tetania. Seu teor nas plantas varia de 2 a 4 g kg-1, e as plantas forrageiras absorvem de 2,0 a 4,0 gramas por quilo de matéria seca.
3.2. MAGNÉSIO NO SOLO
O magnésio é adsorvido aos colóides do solo como íon bivalente positivo (Mg++), com comportamento muito similar ao cálcio. O teor de magnésio trocável que pode ser considerado como médio é de 0,4 a 0,8 cmolc dm -3 de solo.
3.3. SINTOMAS DE DEFICÊNCIAS DO MAGNÉSIO
Os sintomas de falta de magnésio, por causa de sua alta mobilidade na planta, aparecem geralmente nas folhas mais velhas, onde a clorose é o primeiro sintoma evidente: elas apresentam cor verde clara. Com o agravamento da deficiência, aparecem manchas amareladas que podem se unir formando faixas ao longo das margens da folha, que se tornam avermelhada. Os frutos produzidos em condições de deficiência de magnésio são geralmente menores que os normais.
A deficiência de magnésio pode ser corrigida pela aplicação de sulfato de magnésio ou sulfato de potássio e magnésio. O calcário dolomítico deve ser usado com muito cuidado, a fim de evitar excessiva elevação do valor de pH do solo e alterações prejudiciais das relações catiônicas. Deve-se dar atenção a quantidade de potássio usada na mistura fertilizante, de modo a evitar uma deficiência de magnésio induzida por excesso de potássio.
3.4. FONTES DE MAGNÉSIO
A correção dos níveis de magnésio trocável no solo ocorre sempre pela aplicação de calcário para a correção da acidez dos solos, pois os calcários, de modo geral, possuem magnésio, principalmente se for aplicado calcário dolomítico ou magnesiano. Mas sua deficiência pode ser corrigida pela aplicação de sulfato de magnésio, sulfato duplo de potássio e magnésio, fosmag e termofosfato magnesiano.
3.5. PROBLEMAS COM O MAGNÉSIO
Solos arenosos com baixo teor de matéria orgânica, ácidos, lixiviados, em geral possuem baixos teores de magnésio, mas o uso da calagem, com os calcários dolomíticos, tem criado uma nova situação em que algum solo tem apresentado altos teores de magnésio, mas com problemas de desequilíbrio catiônico com potenciais para a redução da produção. Há casos em que os teores de cálcio e de magnésio são altos, ocorrendo problemas da relação e de altas saturações de magnésio no complexo de troca.
4. NITROGÊNIO
4.1. NITROGÊNIO NO SOLO
O nitrogênio comporta-se como cátion (NH4+ ) e como ânion (NO3–). A maioria, mais de 95%, está na forma de NO3– , forma que é bastante lixiviada para fora da zona de absorção das raízes.
Há uma relação íntima entre a mineralização da matéria orgânica do solo e o N disponível para as plantas. Mais de 90% do N do solo está na forma orgânica. Em geral, cerca de 20 a 30 Kg de nitrogênio por hectare são liberados para cada 1% de matéria orgânica mineralizada do solo.
As transformações das formas de NH4+ para NO3– são feitas por bactérias dos gêneros nitrobacter e nitrossomonas. O nitrogênio disponível para as plantas pode ser adsorvido aos colóides, lixiviado, perdido na forma gasosa ou absorvido pelas plantas.
4.2. NITROGÊNIO NA PLANTA
O nitrogênio, dentre os macronutrientes primários, é o que tem maior e mais rápido efeito sobre o crescimento vegetal. Tem como função básica o crescimento das plantas, é responsável pela cor verde escura das mesmas e, como promove o desenvolvimento do sistema radicular, melhora a absorção de outros nutrientes do solo.
O nitrogênio faz parte da composição das proteínas de todas as plantas e animais. O valor nutritivo das forragens depende muito do seu teor em nitrogênio. Forrageiras com altos teores em nitrogênio são preferidas para a produção de feno. Seu teor nas gramíneas varia de 10 a 20 g kg-1 (1 a 2%) podendo atingir valores bem mais altos em função da adubação, estádio ou parte da planta analisada.
4.3. SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA DE NITROGÊNIO
O sinal típico de deficiência, principalmente em gramíneas é a coloração amarelo-esverdeada das folhas mais velhas que pode caracterizar a deficiência de nitrogênio. Plantas deficientes em nitrogênio apresentam folhas pequenas, caules finos e pouca ramificação. No milho com deficiência em nitrogênio, as espigas ficam menores e os grãos da extremidade não formam (chochos). No caso de excesso de nitrogênio, em relação a outros nutrientes, os cabelos da espiga do milho permanecem verdes.
4.4. FONTES DE NITROGÊNIO
Em cada hectare podem existir toneladas de nitrogênio no ar do solo que, para serem aproveitados pelas plantas, precisam ser transformadas de N gasoso para amônio ou nitrato. A fixação do N pelos relâmpagos enriquecem de N as águas das chuvas. A fixação pelos organismos do solo e pelos nódulos de bactérias das leguminosas enriquece o solo em nitrogênio. A fixação industrial fornece os milhões de toneladas de adubos nitrogenados que são as fontes mais utilizadas.
A escolha de uma fonte de adubo nitrogenado deve se basear em fatores como preço, disponibilidade, cultura, época, modo de aplicação e manejo da cultura. Na escolha entre uma fonte orgânica ou mineral, jamais se deve esquecer que para a planta um quilo de N é um quilo de N, não importa a fonte do nutriente, isto é, se orgânica ou mineral.
A quantidade de nitrogênio aplicada em gramíneas forrageiras pode ser bastante elevada, isto é, acima de 400 kg ha-1. Aplicações de 50 quilos por hectare, em nossa região, tem apresentado pouco efeito. As respostas à aplicação de nitrogênio são visíveis mas não se deve esquecer dos aspectos econômicos, das perdas elevadas em função do solo, do manejo das fontes aplicadas e do aproveitamento da forragem produzida. Para o milho pode ser feita a aplicação de 20 quilos na semeadura e até 100 quilos em cobertura com respostas econômicas.
4.5. PROBLEMAS COM O NITROGÊNIO
O nitrogênio é um nutriente extremamente dinâmico sendo muito afetado por condições de clima e de solo. Como a sua maior concentração no solo está na forma de nitratos, em períodos de chuvas intensas é bastante lixiviado, principalmente em solos arenosos.
A aplicação de adubos nitrogenados, em cobertura, na forma de uréia, pode resultar em perdas consideráveis de nitrogênio como amônia, principalmente se o solo for arenoso. O ideal, para que se tenha maior eficiência e aproveitamento do nitrogênio, é aplicar o fertilizante de maneira parcelada, fornecendo o nitrogênio nos períodos críticos do crescimento vegetal, e se a fonte for uréia, que a mesma seja incorporada ao solo. A incorporação da uréia pode ser feita por uma chuva de vinte milímetros, ou por uma irrigação equivalente logo após a sua aplicação, ou cobrindo a mesma com solo.
5. FÓSFORO
5.1. FÓSFORO NA PLANTA
O fósforo é absorvido pelas raízes principalmente como íon ortofosfato (H2PO4–). O fósforo é importante na formação do ATP (trifosfato de adenosina) que é a principal fonte energética da planta. Energia utilizada no transporte de assimilados, no armazenamento e transferência de energia, na divisão celular, no aumento das células e na transferência de informações genéticas.
Plantas com teores de 3 g kg-1 de matéria seca de gramíneas podem ser considerados como suficientes (veja tabelas em anexo para forrageiras específicas).
5.2. FÓSFORO NO SOLO
A quantidade total de fósforo (P) no solo são elevadas (0,08%), mas somente pequenas quantidades de fósforo estão presentes na solução do solo, em geral menos de 6 mg dm-3. O fósforo em solução tende a passar a forma lábil e esta para a forma não lábil no solo.
As formas de disponibilidade do P para as plantas são afetadas pelo pH do solo:
H3PO4 ⇄ H2PO4– ⇄ HPO42 ⇄ PO43 –
pH = 2 pH = 7 pH = 13
Em solos de acidez elevada tende a predominar a forma de ortofosfato primário (H2PO4–), e em solos alcalinos predomina o íon ortofosfato secundário (HPO4– –). Em geral o pH que proporciona maior disponibilidade de P está entre 6,0 e 6,5, pois nesta faixa de pH é mínima a reação ou fixação do fósforo. O valor de pH igual a 6,3 é considerado o ideal para disponibilidade de fósforo para as plantas.
O fósforo ocorre na forma orgânica e em centenas de formas inorgânicas no solo. A maioria do fósforo inorgânico ocorre na fração argila do solo, ligado ao cálcio (PCa), ferro (PFe), alumínio (PAl) e na quase totalidade não está disponível às plantas. O fósforo disponível às plantas tende a ser facilmente fixado por argilas do solo.
A maioria do fósforo do solo constitui os compostos orgânicos de fósforo como ácidos nucléicos, fitina e fosfolipídios, que reduzem a fixação do P com ferro e alumínio por formar complexos com os mesmos.
Teores de 6 a 12 µg dm-3, extraído por Melich, pode ser considerado como médio desde que sejam considerados uma série de fatores como fonte, extratores, solo e necessidades das plantas forrageiras. Em solos com valores acima de 12 µg dm-3 de fósforo pode-se não obter respostas a adubação fosfatada para gramíneas forrageiras.
5.3. SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA DE FÓSFORO
O sinal típico de deficiência é a cor púrpura das folhas mais velhas que pode caracterizar o sintoma de deficiência. Sua deficiência resulta em menor crescimento da planta. Sendo pouco móvel, a deficiência é observada primeiro nas folhas mais velhas, sendo um sintoma típico o desenvolvimento da coloração púrpura ou avermelhada nas folhas inferiores e no caule do milho. As espigas de milho quando deficientes em fósforo ficam pequenas, com a ponta retorcida e com grãos pequenos. Embora a deficiência extrema de fósforo possa resultar em algum amarelecimento das folhas, o sistema mais comum que aparece inicialmente é uma cor verde-escura sem brilho, ou verde-azulada, tornando-se difícil, nesta fase, o seu reconhecimento em condições de campo.
5.4. FONTES DE FÓSFORO
A fonte natural de fósforo no solo é a matéria orgânica, ou outro resíduo orgânico que possa ser adicionado ao solo, como estercos e restos de culturas.
A farinha de ossos, com cerca de 30% de P2O5, foi a primeira fonte de fósforo bastante utilizada no passado. Sendo considerado o uso de ossos moídos (até esqueletos humanos) como o marco inicial da indústria de adubos.
Entre os adubos comerciais tem-se:
a) Os fosfatos naturais são fertilizantes que possuem o fósforo na sua quase totalidade em forma não assimilável pelas plantas e são totalmente insolúveis em água.
a.1) Os fosfatos naturais minerais são a matéria prima para a produção de fosfatos mais solúveis.
APATITAS possuem 30 – 40% de P2O5 total, não possuem fósforo solúvel em água, apresentam cerca de 3% de P2O5 solúvel em citrato de amônio, que é o fósforo assimilável.
Exemplos: Apatita de Araxá (35% P2O5), de Jacupiranga (36% P2O5), fosfato de Alvorada (30% P2O5) e de Aruba (25% P2O5).
a.2) As fosforitas possuem cerca de 30% de P2O5 total, com 5 a 12% de P2O5 solúvel em ácido cítrico a 2%, solubilidade em citrato de amônio de 5% e não apresentam P2O5 solúvel em água.
a.3) Os fosfatos orgânicos naturais são os ossos moídos, ricos em fosfatos tricálcico ou carbono apatita.
Exemplos: – Farinha de ossos curada com 22 a 26% de P2O5 total;
– Farinha de ossos degelatinada com 30 a 33% de P2O5 total;
– Ossos calcinados, pó de cor cinza, moído, com cerca de 35% de P2O5 total.
b) Os superfosfatos simples são basicamente obtidos a partir de matéria prima rica em fósforo (apatitas e fosforitas), que são tratadas com ácido sulfúrico resultando no superfosfato simples com 20% de P2O5 total, 18% de P2O5 solúvel em água, com 12% de enxofre e 20% de cálcio.
c) Os superfosfatos triplo são obtidos de rochas fosfatadas com alto teor de P e baixo de óxidos de ferro e de alumínio, tratadas com ácido fosfórico, resultam em um adubo com 48% de P2O5 total e 43% solúvel em água.
d) O termofosfatossão adubos obtidos por fusão a 1500oC, resultando em um material vítreo que moído apresenta 19% de P2O5 total, 30% de óxido de cálcio, 18% de óxido de magnésio, com traços de fósforo solúvel em água. Exemplo: Yoorin
e) O fosfato monoamônico (MAP) é um adubo semelhante ao DAP, resulta da reação do amoníaco com o ácido fosfórico, resultando em um adubo misto com 11% de nitrogênio e 50% de P2O5 .
f) O fosfato diamônio (DAP) é um fertilizante misto com N e fósforo, contém 18% de N e 46% de P2O5 total e solúvel em água.
As aplicações e recomendações de fósforo podem variar de 0, 30, 60 e 90 kg ha-1de P2O5 solúvel em água em função dos teores de fósforo no solo.
5.5. PROBLEMAS COM O FÓSFORO
O fósforo é um nutriente de baixa mobilidade no solo, devendo ser aplicado incorporado ao solo e o mais próximo das raízes. Os teores de fósforo, no solo, disponíveis são relativamente baixos, sua fixação na maioria dos solos é bastante elevada, principalmente em solos ricos em sesquióxidosde ferro e ou de alumínio e ácidos.
Em pastagem, já formada, o adubo fosfatado é colocado na superfície com afirmativas de que o mesmo desceria em profundidade. A equipe de fertilidade de solos da UEM-SOLOS-DAG possui dados preliminares que comprovam a eficiência do adubo fosfatado colocado na superfície de solos arenosos da região do arenito de Caiuá, isto é solos de baixa capacidade de adsorção de fósforo.
6. O ENXOFRE
6.1. ENXOFRE NA PLANTA
O enxofre (S) é exigido para a formação de aminoácidos e de proteínas, para a fotossíntese e para a resistência ao frio. É importante para a nodulação e desenvolvimento radicular. As concentrações de enxofre nas plantas variam de 0,2 até mais de 1,0%.
O enxofre é absorvido pelas raízes na forma de SO4– – mas pode ser absorvido por via foliar na forma de gás sulfúrico (SO2).
6.2. ENXOFRE NO SOLO
A maior parte do enxofre do solo está imobilizado na matéria orgânica, podendo ser absorvido após a sua mineralização a sulfato (SO4– –) pelas bactérias do solo.
O sulfato por ser muito móvel no solo pode ser facilmente lixiviado (20 – 60 Kg ha-1 ano-1). Períodos de chuvas intensas, pode ocasionar sintomas típicos de deficiência temporária em solos arenosos, em plântulas de milho.
6.3. SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA DE ENXOFRE
Os sintomas de deficiência de S aparecem como crescimento raquítico das plantas e o amarelecimento mais intenso das folhas mais novas. Na deficiência de enxofre, as folhas mais velhas permanecem verdes e, as mais novas, ficam com coloração amarelo-esverdeada; em casos severos, tornam-se cloróticas. Na falta de nitrogênio e de enxofre, a planta pode tomar uma coloração verde amarelada uniforme, com folhas velhas e novas amareladas.
A deficiência de enxofre assemelha-se muito à deficiência de nitrogênio. Em condições de baixo suprimento de enxofre e de nitrogênio, a aparência da planta não permite ao observador fazer a diferenciação entre a deficiência de enxofre ou de nitrogênio.
6.4. FONTES DE ENXOFRE
A aplicação de enxofre é dependente do solo, cultura e manejo, porém há registros de respostas obtidas com a aplicação de enxofre. As recomendações de enxofre variam de 10 a 30 Kg de S por hectare, podendo chegar a 50 Kg ha-1 em algumas culturas.
Quando da aplicação de enxofre como adubo, deve ser contabilizada as quantidades fornecidas pelo uso de defensivos e de outros adubos como sulfato de amônio ou superfosfato simples, que possuem enxofre em quantidades consideráveis na sua constituição.
6.5. OS PROBLEMAS COM O ENXOFRE
Os problemas de deficiência são típicos de plantas em solos arenosos, erodidos, com baixo teor de matéria orgânica e em períodos de precipitação intensa. Podem ocorrer deficiências em situações de cultivo em que se procura elevadas produtividades.
Bibliografia Recomendada:
BOLETIM TÉCNICO 100. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo, por B. van Raij, H. Cantarella, J.A. Quaggio & A.M.C. Furlani. 2 ed. Ver. Atual. Campinas, instituto Agronômico/Fundação IAC, 1997. 285p.
COELHO, F.S. & VERLENGIA, F. Fertilidade do solo. Campinas, Instituto Campineiro de ensino agrícola, 1973. 384p.
MALAVOLTA, E. Manual de química agrícola: Nutrição de plantas e fertilidade do solo. São Paulo, Editora Agronômica Ceres, 1976. 528 p.
NUTRI-FATOS: Informação agronômica sobre nutrientes para as culturas. Associação brasileira para pesquisa do Potássio e do Fosfato, 2 páginas, s.d.a.
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