Conceitos Básicos de Ensilagem

O processo de ensilagem é uma técnica que consiste em preservar forragens por meio de fermentação anaeróbica, após o seu corte, picagem, compactação e vedação em silos. O produto dessa fermentação, denominado silagem, é obtido pela ação de microrganismos sobre os açúcares presentes nas plantas com a produção de ácidos, resultando em queda do pH até valores próximos a 4. 

A prática da confecção de silagem tem sido cada vez mais comum na produção de bovinos de corte, principalmente em regiões com exploração pecuária mais tecnificada, onde a procura por melhores índices zootécnicos e rentabilidade econômica tem levado grande número de produtores, que utilizam o confinamento, a adotarem sistematicamente essa prática. Outro fator que tem contribuído para o aumento da ensilagem é a integração agricultura-pecuária, entrando a lavoura como forma de reduzir o custo de recuperação ou renovação de pastagem. 

Devido ao maior potencial de produção de matéria seca, em comparação à silagem de milho ou de sorgo, as quantidades de silagens produzidas de capins, como mombaça, tanzânia e brizantão, têm aumentado significativamente. Entretanto, é preciso esclarecer que nem sempre a silagem de capim irá produzir uma arroba de carne de menor custo na medida em que poderá exigir maior quantidade de concentrado. 

O milho e o sorgo são culturas mais adaptadas ao processo de ensilagem, resultando geralmente em silagens de boa qualidade sem a necessidade de uso de aditivos ou pré-murchamento para aumentar o teor de matéria seca. 

Um dos fatores que afetam a qualidade de fermentação e a conservação da massa ensilada é o teor de matéria seca, cujos valores ideais devem se situar entre 30% e 38%. Teores maiores de umidade favorecem o desenvolvimento de bactérias do gênero Clostridium, produtoras de ácido butírico, além de aumentar as perdas de nutrientes pela liberação de efluentes. Entretanto, uma forragem muito seca torna difícil a compactação e eliminação do ar. 

O teor mínimo de carboidratos solúveis na forragem a ser ensilada deve ser de 6% a 8% da matéria seca e estes têm sido os valores encontrados nos capins tropicais contra valores acima de 15% nas plantas de milho e de sorgo. 

O carregamento lento, a colocação de camadas diárias finas, a falta de compactação e o atraso na vedação (acima de quatro dias) são procedimentos que concorrem para aerar a massa e promover perdas no processo. 

É importante que haja uma adequação entre o tamanho do silo e as disponibilidades de mão-de-obra e de equipamentos. 

As máquinas devem estar bem preparadas para fazer um corte eficiente da forragem (1 a 2 cm). Isto vai favorecer a compactação e aumentar a superfície de contato acelerando a fermentação. 

Nos silos horizontais do tipo superfície, a ausência de paredes laterais, para possibilitar a compactação mais intensa, cria condições favoráveis a maior penetração do ar e, consequentemente, perdas mais pronunciadas. O uso de silos do tipo “bunker” (paredes laterais de madeira ou de alvenaria) ou silo trincheira, pode minorar esses efeitos, favorecendo o enchimento e a compactação. 

Para melhorar a qualidade particularmente das silagens de capim pode ser conveniente o uso da alguns artifícios, como a pré-secagem para forragem com menos de 25% de matéria seca. No mercado existem máquinas capazes de recolher o capim pré-secado. 

Outra alternativa é o uso de aditivos de elevado teor de matéria seca. Eles funcionariam como extratores de umidade, aumentando, assim, o teor de matéria seca da massa a ser ensilada e, consequentemente, melhorando as condições para fermentação. 

Dentre esses aditivos, citam-se: fubá, raspa de mandioca seca, espiga de milho integral moída, polpa cítrica seca, casca de soja. Esses aditivos, para atuarem adequadamente, devem ser misturados de forma mais homogênea possível na massa ensilada. 

Outros aditivos utilizados para estimular a fermentação são os biológicos e/ou enzimáticos. Contribuem para aumentar significativamente o custo da silagem, mas, com os capins tropicais, os resultados obtidos têm sido bastante inconstantes em termos de melhoria da qualidade da silagem obtida. Pela dificuldade de utilização na prática de métodos como a pré-secagem e/ou incorporação de aditivos secos, os inoculantes biológicos comerciais têm sido utilizados por causa da facilidade de aplicação. O inoculante pode ser aplicado por meio de uma bomba com reservatório acoplada no trator com bico pulverizador acoplado à ensiladeira ou com pulverizador costal no momento de carregamento e compactação da forragem. 

Um aditivo de característica nutricional, como o melaço (30 – 40 kg/t), seria indicado para material pré-secado ou com teor de matéria seca acima de 25%. 

O último passo na utilização da silagem, também importante, consiste da retirada diária da massa ensilada. Ela deve utilizar uma fatia mínima de 20 cm do silo, evitando-se deixar partes do silo descobertas e massa de silagem remexida para o dia seguinte. 

As fases da ensilagem

O processo de ensilagem pode ser dividido em três fases, assim descritas: 

Primeira Fase – Na fase I (fase aeróbica) técnicas adequadas de carregamento do silo ajudam a minimizar as perdas como consequência da quantidade de oxigênio presente entre as partículas de forragem no silo. Boas práticas de colheita (ajuste das máquinas), principalmente aqueles relacionados com o tamanho da partícula da forrageira a ser ensilada, combinada com bom rendimento (distribuição de camadas e compactação) minimizam as perdas de carboidratos solúveis através da respiração no campo e no silo. A densidade da silagem obtida é uma junção de compactação, de tamanho da partícula e de porcentagem da matéria seca da forrageira. 

Segunda Fase – A fase II (fase anaeróbica) é uma consequência do poder tampão, da disponibilidade de carboidratos solúveis, da presença de bactérias láticas e da porcentagem adequada de matéria seca na forragem; da anaerobiose do meio. 

Terceira Fase – Na fase III ocorre a estabilização do material. Nesta fase o pH estará em torno de 3,8 a 4,2 e a temperatura do material normal é a ambiente. 

Plantas de milho e de sorgo, quando adequadamente ensiladas, são boas fontes de energia (60% a 70% de NDT); contudo, são deficientes em proteína (7% a 9% de PB). A silagem de sorgo equivale a 80%-90% da silagem do milho por conter menor quantidade de grãos, apresentar maior perdas de grãos nas fezes dos animais e talos de menor digestibilidade. As silagens de capins, geralmente, estão associadas a maior risco de perda e apresentam conteúdo energético inferior às silagens de milho e de sorgo (56% a 60% de NDT). 

Uma boa silagem deve ter cheiro agradável e cor clara. Grandes quantidades de efluentes indicam a possibilidade de fermentação inadequada e perda de matéria seca. Uma silagem muito seca indica que pode ter havido problemas na compactação. A presença de mofo é um indicativo da presença de ar oriundo da má compactação ou da vedação inadequada. O pH de uma boa silagem deve ser inferior a 4,2. A análise de ácidos orgânicos deve indicar valor acima de 2% de ácido lático e inferior a 0,1% de ácido butírico da matéria seca. A degradação de proteína é um sinal de fermentação indesejável e o nível de nitrogênio amoniacal de uma boa silagem deve ser inferior a 11% do nitrogênio total.

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