Resumo da Dissertação de Mestrado (USP/ESALQ/Departamento de Zootecnia):
O leite de transição é produzido entre a segunda e a sexta ordenha após o parto e é caracterizado por apresentar níveis elevados de nutrientes e componentes bioativos. A transição do colostro para a dieta líquida representa um período crítico e influencia o desempenho futuro dos animais e a modulação da microbiota intestinal. Este estudo investigou os efeitos do leite de transição materno (TM) ou formulado (TF), enriquecido com colostro em pó, sobre a composição do microbioma do cólon e a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), componentes essenciais para a saúde intestinal e o metabolismo energético dos bezerros. O presente estudo avaliou os efeitos do fornecimento de leite de transição materno (TM) ou formulado (TF), enriquecido com colostro em pó, sobre o microbioma do cólon e saúde intestinal de bezerros leiteiros. 30 bezerros da raça Holandesa, foram utilizados em delineamento casualizado em blocos, considerando o peso ao nascimento. Foram distribuídos em três tratamentos, cada um com 5 repetições e dois períodos (4 e 21 dias): 1) Controle: sem o fornecimento de leite de transição, colostragem, seguido de fornecimento de leite integral; 2) Transição materno: colostragem seguida de fornecimento de leite de transição materno padronizado em 16% Brix, por três dias quatro litros por dia, divididos em duas refeições; e 3) Transição formulado: colostragem seguida do fornecimento de leite integral enriquecido com 70gr/L de colostro em pó (totalizando 280g/d), por três dias, divididos em duas refeições. Todos os animais foram colostrados com colostro proveniente de banco de colostro, com volume correspondente a 12% do peso ao nascer e valores entre 23% e 25% Brix. Após o período de transição alimentar do leite de transição materno ou formulado, os animais receberam 6L/d de leite integral e tiveram acesso ad libitum à água e concentrado. O consumo de sólidos na dieta líquida foi maior no TF (P < 0,0001). Parâmetros sanguíneos iniciais, como hematócrito, proteína sérica e AGNE, não diferiram significativamente entre os tratamentos. No entanto, houve efeito do tempo sobre glicose, proteína total e AGNE (P < 0,01), refletindo adaptação metabólica natural. A análise do microbioma do cólon revelou dissimilaridade significativa entre os períodos de 4 e 21 dias (P=0,0001). Aos 21 dias, o grupo TM apresentou maior riqueza e diversidade microbiana. Aos 4 dias, houve maior proporção de Proteobacteria nos grupos TF e TM. Aos 21 dias, Firmicutes foi o filo predominante em todos os grupos. Em nível de gênero, no Controle, observou-se aumento de Lactobacillus, Lachnospiraceae e Bifidobacterium aos 21 dias. No TF, houve aumento de Enterobacteriaceae e Shigella. No TM, houve diminuição de Bacteroides coprofilus e aumento de Negativibacillus e Butyricicoccus pullicaecorum aos 21 dias. A proporção de Enterobacteriaceae foi maior no TF aos 4 dias, enquanto Bacteroides coprofilus tendeu a ser maior no TM aos 21 dias. Observou-se maior concentração de valerato no grupo TF aos 4 dias (P = 0,0234) e maior concentração de isobutirato no grupo TM aos 21 dias (P = 0,0173), com tendência de maior AGCC total no TM (P = 0,0874). O uso de antimicrobianos foi significativamente menor no grupo TM em comparação ao Controle (P = 0,0489). Dados de crescimento, saúde e microbiota foram analisados por modelos mistos no pacote estatístico SAS (versão 9.4), com significância estabelecida em P ≤ 0,05. A estrutura microbiana foi avaliada por DCA e PERMANOVA, enquanto a análise de abundâncias taxonômicas foi realizada através software STAMP. Os resultados destacam que o fornecimento de leite de transição materno promoveu uma microbiota intestinal mais diversificada, menor prevalência de diarreia e uma microbiota, favorecendo o desenvolvimento imunológico e metabólico dos bezerros
http://Efeitos do fornecimento de leite de transição materno ou formulado sobre o desenvolvimento…
http://Ingred_Caroline_Rocha_de_Oliveira_versao_revisada.pdf