Atualmente, a utilização de currais antiestresse, técnicas de manejo racional e abate humanitário do bovino são práticas em crescente expansão no Brasil e no mundo. O manejo antiestresse pode minimizar perdas provenientes de hematomas e injúrias, melhorar o rendimento operacional e otimizar os processos de manejo do rebanho como por exemplos a vacinação, palpação, marcação, pesagem, embarque, conferência, entre outros. Além disso, através de melhora da qualidade da carne, traz ganhos no rendimento de diversos elos da cadeia de produção pecuária. Apesar do projeto e montagem da instalação de manejo racional demandar um investimento financeiro maior que os currais convencionais, proporciona melhor custo-benefício ao produto final.
Uma das exigências do curral antiestresse é que seja construído próximo à sede da fazenda e dotado basicamente de divisões como embarcadouro, seringa, brete e apartadouro. Neste tipo de curral, as áreas de serviço devem ser cobertas, com exceção das divisórias, propiciando um melhor conforto térmico ao bovino.
O embarcadouro é a estrutura mais externa ao curral e corresponde a estrutura utilizada para o embarque e desembarque de animais do caminhão de transporte. É constituído de um corredor com uma rampa para elevar o piso do corredor até o nível de entrada no caminhão. No final do corredor o piso deve estar em nível para facilitar a entrada do animal no caminhão. No sistema antiestresse, a largura do corredor irá variar entre 80 cm a 1,0 m, dependendo do tamanho médio dos animais usualmente embarcados.
No curral convencional, o embarcadouro é responsável por muitas contusões na hora do embarque dos animais, por isso na estrutura antiestresse deve conter uma rampa de acesso com revestimento antiderrapante e em nível e ajustável à altura do caminhão, além de uma passarela lateral a longo dele para ser utilizada pelos vaqueiros na condução dos animais. É importante salientar que as paredes devem ser fechadas a fim de reduzir o risco de acidentes e evitar a distração do boi com o movimento de pessoas e outros animais.
A seringa é uma estrutura normalmente composta de várias réguas de madeira, que tem como função facilitar e conduzir a entrada dos animais no tronco coletivo ou embarcadouro. No curral antiestresse é importante que ela seja toda fechada e em curva, além disso, o portão deverá abrir a 180º para que o peão possa limitar o espaço, conduzindo os animais até o tronco coletivo ou direcionando ao embarque.
O tronco coletivo, também conhecido como brete, é um corredor estreito dimensionado adequadamente para manter os animais enfileirados, evitando que se virem. A principal função dessa estrutura é oferecer condições para que se tenha acesso direto aos animais para individualizar o manejo. No sistema antiestresse o brete é fechado e construído em curva com a finalidade de facilitar o manejo sem agredir o bovino, pois os animais acreditam estar voltando de onde saíram e não veem o seu final, evitando o estresse.
O bom planejamento dos troncos em curva reduz o risco dos animais pularem uns sobre os outros. Recomenda-se usar raios de cinco metros nas curvas do tronco coletivo para se assegurar que a curva não fique muito fechada. Na construção dessa estrutura, o comprimento deverá ser de acordo com o fluxo de manejo e espaço disponível na fazenda. Vale lembrar que tanto o brete, como a seringa, o tronco de contenção e o apartadouro são posicionados sob a cobertura de um galpão, portanto quanto maior o tronco coletivo maior será a cobertura necessária.
O apartadouro antiestresse é localizado após o tronco de contenção e sua função é separar e direcionar os animais, não deixando espaço para circulação interna. Ele é composto de portas de acesso aos currais, balança e embarcadouro, comandadas lateralmente de cima de uma plataforma. O apartador é manejado pelo mesmo funcionário que está no tronco de contenção com a balança eletrônica, economizando o trabalho de um funcionário extra sobre uma plataforma efetuando o aparte dos animais. Dessa forma também se evitará gritos e erros por parte dos funcionários.
Como as instalações, e principalmente o curral, são os pontos centrais de trabalho com o rebanho, é imprescindível o planejamento seguindo as recomendações do comportamento dos bovinos para proporcionar o bem estar dos animais. Apesar de o curral antiestresse auxiliar no manejo do rebanho, é imprescindível entender e respeitar o comportamento animal e saber trabalhar corretamente nesse tipo de instalação. É importante lembrar que o manejo racional também é exigido na obtenção de selos e certificações necessárias para a exportação de carne e animais para diversos países, agregando valor a carne bovina e garantindo rentabilidade ao negócio pecuário.
Referências Bibliográficas
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QUINTILIANO, M. H. E PARANHOS DA COSTA, M. J. R. Manejo Racional de Bovinos de Corte em Confinamentos: Produtividade e Bem-estar Animal. In: IV SINEBOV, 2006, Seropédica, RJ.
VALLE, E. R. do. Boas práticas agropecuárias: bovinos de corte: manual de orientações. 2. ed. rev. e ampl. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2011. 69 p. il.
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