A castração nada mais é, do que, a retirada por completo dos testículos, ou a interrupção dos meios de irrigação, sustentação e ligamentos dos testículos com o restante do organismo, e até mesmo o cancelamento da função testicular. A castração de machos bovinos é uma prática tradicionalmente utilizada nos diferentes modelos de criação. A orquiectomia em bovinos pode ser praticada de diversas maneiras, variando desde os procedimentos mais empíricos até os mais técnicos.
Quando se castra um animal, estamos modificando a condição hormonal deste e, obviamente, a diminuição da ação dos hormônios esteróides,que são chamados de andrógenos. Desta forma, no animal macho castrado há uma diminuição da produção e secreção dos andrógenos, o que resulta em alteração no metabolismo e diminuição no crescimento e desenvolvimento muscular, ocasionado pela menor síntese desta proteína.
As técnicas de castração mais utilizadas na pecuária brasileira tem sido as seguintes: faca (duas incisões laterais no escroto ou remoção do ápice do escroto) e Burdizzo. No entanto há outros métodos de castração de menor uso: vasectomia, técnica do elastrador, criptorquidismo induzido, redução do saco escrotal, técnica de Baiburtcjan (“castração russa”), castração parcial de Kelly e castração medicamentosa.
Castrar ao nascimento apresenta como principal desvantagem à não utilização do efeito anabólico dos hormônios produzidos nos testículos. Retardar a castração para a época do desmame (período de seca) coincide com mais uma prática estressante, assim como a proximidade da época de restrição alimentar. Castrar com 12 ou mais meses tem os inconvenientes do difícil manejo e do grande estresse causado ao bovino, além do risco de se perder um animal de valor considerável. Resultados de pesquisas mostram que a realização da castração até a fase de puberdade não apresenta diferença quanto ao desempenho do animal. Verificou-se também que castrações realizadas após a puberdade apresentaram ganhos relativamente pequenos devido as dificuldade de manejo e aos riscos gerados. Há trabalhos nos quais se demonstrou que as castrações dos bovinos ainda muito jovens são prejudiciais ao desenvolvimento final dos animais.
A recomendação é de que, caso o produtor insista na castração do animal, deve fazê-lo no nascimento ou, no máximo, até a puberdade, quando os riscos são menores.
É imperioso que a idade de abate dos bovinos inteiros não exceda aos dois anos. Abater animais inteiros com mais de 24 meses é indicativo de que o sistema de produção é ineficiente para a produção de carcaças com melhor qualidade. Para as condições gerais do Brasil Central, em que os novilhos são abatidos por volta dos 48 meses, a castração não pode ser dispensada já que zebuínos aos 24 meses de idade se manifestam sexualmente o que causa problemas no manejo, contudo para animais que serão abatidos com 2 anos ou menos a castração pode ser dispensada.
Os efeitos da castração são mais pronunciados, quanto mais cedo ela for executada. Se ela ocorrer antes da puberdade (entre 13 e 15 meses de idade) o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários será interrompido e os efeitos serão mais visíveis, promovendo intensa modificação no comportamento, características sexuais e de carcaça (Silva, P. R. C.).
O efeito dos hormônios androgênicos sobre as características de carcaça e da carne é mais marcante em animais abatidos em idades mais avançadas. No Brasil, a prática da castração tem sido realizada, nos sistemas de produção tradicionais, aproximadamente, aos 20 meses de idade. No entanto com a intensificação da pecuária e conseqüentemente redução da idade de abate dos animais, os conceitos de idade de castração vêm sendo alterados.
A decisão de castrar ou não bovinos se submetem a uma questão política, relacionada à indústria frigorífica, a qual associa suas exigências ao mercado. As idades preconizadas variam desde o nascimento do bezerro até poucos meses antes do abate. A castração em animais jovens nas primeiras semanas de vida tem apresentado vantagens como, a fácil contenção dos animais, a rápida recuperação, a menor perda de sangue e a rápida cicatrização.
A castração de machos normalmente ocorre na seca, onde é menor a proliferação de moscas e outros insetos ou parasitas. Desta forma, diminui-se a possibilidade de infestações por miíases e infecções secundárias. Além disso, quando a castração é realizada no inverno, observa-se a ausência de miíases, no entanto, essa época do ano coincide com a baixa produção de forragem nas condições tropicais.
A decisão de castrar ou não bovinos se submete a uma questão política, relacionada à indústria frigorífica, a qual associa suas exigências ao mercado.
Cada uma das técnicas de castração utilizadas na pecuária brasileira apresenta vantagens e desvantagens e pós-operatório deve ser considerado uma das etapas de observação de maior importância, pois influencia diretamente nos custos de todo o processo.
Quanto ao método de castração mais eficaz há ainda discussão nos diferentes criatórios, e, portanto, as circunstâncias e a preferência do pecuarista deve ser considerada na escolha da técnica. No entanto, considera-se como o melhor método, aquele que resultar: num mínimo de complicações pós-operatórias, um menor estresse do animal e conseqüentemente um maior ganho em peso na fase de recuperação pós-operatório. Entre as diversas complicações que podem ocorrer após a castração, como edema, miíases, retenção de coágulos, hemorragia e granuloma, as duas últimas são as de menor ocorrência.
A castração de bovinos ainda apresenta dúvidas, principalmente quanto ao método e a época de realizá-la. As idades preconizadas variam desde logo após o nascimento do bezerro até poucos meses antes do abate.
A idade é um tema polêmico e a questão é relativamente complicada, pois estão envolvidos vários aspectos que podem individualizar a resposta. Em linhas gerais, a melhor época é aquela onde haja mais benefícios do que prejuízos, ou seja, uma relação custo/benefício favorável. É bastante conhecido o efeito negativo da castração sobre o ganho de peso dos animais. Deste modo, quando realmente necessária, a idade adequada para a castração merece bastante atenção, de modo à pelo menos minimizar seu prejuízo.
No momento em que o invernista se propõe a melhorar a produtividade, adotando uma pecuária mais intensiva, algumas práticas de manejo do rebanho não se mostram adequadas à nova situação. Por exemplo, a idade de castração em uma pecuária onde os animais são abatidos com 4 ou 5 anos, não deve ser a mesma que a adotada, quando os animais são abatidos com até 24 meses. A castração dos bovinos, prática utilizada desde antes da era cristã, é tradicionalmente usada no Brasil, em vista de o sistema de produção ser baseado em pastagens extensivas, o que eleva a idade do abate. O propósito não é só o de manejo, mas melhoria na qualidade da carcaça. Entretanto, grandes mudanças aconteceram no sistema de produção. Uma sensível redução na idade do abate está sendo observada em várias regiões do País. São inúmeros os motivos, dentre os quais podemos destacar os avanços da alimentação dos bovinos (pastagens e suplementações), melhoramento genético (seleção e cruzamentos) e sistemas de produção (confinamento).
Conforme as alternativas anteriormente discutidas e desconsiderando-se a diversidade dos sistemas de produção de carne bovina, onde teria que se respeitar a individualidade de cada propriedade, o mercado consumidor tem enorme influência sob a tomada de decisão do produtor. Pois, caso haja excesso de oferta de animais para o abate, os frigoríficos dão preferência a animais castrados, devido a melhor aceitação da carne pelo mercado consumidor. Animais inteiros apesar de serem mais eficientes quanto ao uso do alimento e conseqüentemente gerar maior produção, têm um preço inferior àqueles pagos por animais castrados. Essas reduções variam em função de cada região do país e da dinâmica de oferta e demanda. Dessa forma, o custo final de produção deve ser corretamente analisado, para maximização do lucro, ou seja, analisar o mercado e contabilizar se o ganho excedente do animal inteiro compensa o menor preço pago pela arroba, deve-se também considerar os efeitos do manejo na propriedade.
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